O ser português e a avaliação…

…dos professores, dos advogados, dos engenheiros, dos médicos, dos economistas, dos mecânicos, dos dentistas, dos canalizadores, dos controladores aéreos, dos … o que mais a imaginação se conseguir recordar. Mas sendo este um tema corrente, nada melhor do que virar especialista como todos os portugueses são quando um tema causa polémica e faz manchete em tudo o que é jornal. É um facto incontestável! Apesar de pouco ou nada sabermos do tema, a não ser aquilo o que a comunicação social vomita cá para fora, viramos “experts” na matéria, verdadeiros doutorados no assunto, e conseguimos rapidamente apresentar uma solução fantástica que resolve todos os problemas. Afinal, somos portugueses e isto é uma das coisas que fazemos bem: apontar o dedo, encontrar defeitos e apresentar soluções milagrosas.

Não me entendam mal eu não o considero um defeito mas sim uma qualidade extrema e rara na sociedade mundial de hoje em dia. Somos uns verdadeiros ases em pegar num mapa incompleto e apontar o caminho a seguir. Por vezes fico a pensar como é que os receptores GPS têm tanta adesão no mercado luso. Não se entende, os portugueses não necessitam de orientação.

A natureza do nosso povo e esta qualidade natural leva a que facilmente sejamos manipuláveis. Basta aparecerem duas ou três notícias sobre o crime organizado num dia e no outro, na rua não se fala de outra coisa. Os dedos saem do bolso e disparam em vários culpados. Um português no topo, levado pelo mapa incompleto do crime organizado, apresenta soluções rápidas que embatem nas inúmeras outras ideias que circulavam na opinão pública.  O problema é remendado com um penso rápido. Ninguém mais fala do assunto até que algo aconteça.

No início deste artigo queria falar da avaliação dos professores, agora não tenho coragem para fornecer um penso rápido à solução depois do que escrevi. Consigo encontrar soluções é um facto, tal como os inúmeros portugueses que pensaram um pouco no assunto. Mas pensando bem, acho que apenas estou como sempre e como quase todos… mal informado e manipulado pela comunicação social.

Porque no final de tudo, apesar dos vários canais, jornais, rádios, o tempo de antena é sempre ocupado pelos mesmos, as visões de cada um tornam-se rotineiras, não existem novos rumos e tudo parece ser discutido dentro de um grupo de amigos…